Lançado em Nova York em 1964 o álbum Stan/Gilberto é seguramente um dos maiores acontecimentos depois do encontro da Bossa Nova com a América no Carnegie Hall em 1962. Gravado por Stan Getz no sax tenor, João Gilberto ao violão e Tom Jobim ao piano, que também é o autor e arranjador de algumas músicas, tem a participação da ”amadora” na época Astrud Gilberto, esposa de João.
Contando ainda com o gênio Milton Banana, na bateria, e o baixista americano Tony Willians, mas tanto o seu nome como o de Milton não estão no LP. Há citações que o baixista poderia ser o Tião Neto, um dos músicos mais requisitados em gravações e apresentações de Bossa Nova desde o famoso Beco das Garrafas. Ele viajava com frequência para apresentações e gravações nos Estados Unidos.
Em Garota de Ipanema, ouvimos a bossa nova ainda em seu estado quase primitivo. João apresenta seu canto e violão suingado e marcante que parece puxar a sessão rítmica em uma batida envolvente e segura. Tom aparece com o seu estilo quase introspectivo de tocar. O piano surge em pequenas gotas, deixando a parte rítmica para o violão e para a cozinha. Executa o seu solo no melhor estilo cluster. Aquelas junções de notas que lembram os bailes dos antigos cassinos do Rio. Getz e seu inconfundível saxofone aspirado colocam a escola jazzística americana a serviço da bossa nova com maestria. A interpretação de Astrud está na medida certa.
Doralice nos mostra o melhor momento do João instrumentista em ação. Ele parece ter bebido nas melhores fontes do violão brasileiro, essência que passou para uma geração inteira formada por nomes como Toquinho, Gil, João Bosco, Djavan e tantos outros. Stan Getz consolida o extraordinário casamento que foi realizado no Carnegie Hall naquela noite memorável de 62, quando o jazz americano se encontrou com a faceira Bossa Nova.
Ganhador de quatro grammys o álbum Getz/Gilberto é sucesso em todas as mídias desde os anos 1960, tendo Garota de Ipanema como carro chefe.
Lembro muito bem que ela era tocada até em linhas cruzadas nos telefones públicos desse Brasil afora.
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