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Depois do sucesso de ´Kind of Blue´, a sua primeira edição temática, que celebrou os 60 anos da obra-prima de Miles Davis, o Jazz Panorama ao Vivo comemorou o aniversário de outro álbum icônico do jazz: Time Out, do Quarteto do pianista norte-americano Dave Brubeck, que este ano também completa 60 anos do seu lançamento. O show aconteceu no dia 9 de julho, no Teatro de Arena Sérgio Cardoso. Clube do Jazz Maceió ofereceu ao público a oportunidade de escutar e ver ao vivo mais este álbum clássico do jazz com a participação especial do maestro e multi-instrumentista Billy Magno nos teclados, Felix Baigon no contrabaixo – e também fazendo a direção musical do espetáculo; Jaílson Britto estará no saxofone e, na bateria, Allysson Paz. Na abertura do show, houve a apresentação do guitarrista Geraldo Benson, que, acompanhado do Clube do Jazz, Billy Magno e o tecladista Jiuliano Gomes, fez uma homenagem a João Gilberto, tocando alguns de seus mais conhecidos sucessos. 

O Jazz Panorama ao Vivo, que já formou um público cativo e crescente a cada nova edição, é a reprodução no palco do programa Jazz Panorama, que há mais de 30 anos está presente no rádio e agora na Internet, trazendo a todos o melhor desse gênero musical. Seu criador, Juan Maurer, um peruano radicado no Brasil, está trazendo ao teatro o mesmo formato didático de apresentar as composições, os artistas além de outras informações sobre o universo jazzístico que encantou os seus ouvintes do rádio.
 


Joe Morello (bateria), Paul Desmond (sax), Eugene White (contrabaixo) e Dave Brubeck (piano), durante uma sessão de gravação do álbum ´Time Out´

TIME OUT – O ÁLBUM

O álbum Time Out veio ao mundo do jazz no mesmo ano que um outro estrondoso sucesso também foi lançado – Kind of Blue, de Miles Davis. As diferenças entre as duas obras, no entanto, são marcantes. A primeira delas é que a banda de Dave Brubeck era quase toda formada por músicos brancos, à exceção do contrabaixista Eugene White. Outro ponto, é que os executivos da gravadora Columbia não se sentiram seguros em promover Time Out. Eles desconfiavam que as incomuns assinaturas de tempo que o Brubeck adotou para algumas composições fossem confundir ou mesmo desagradar ao público. Nesse álbum, o ouvinte é confrontado constantemente com a polirritimia em compassos que variam entre 5/4, 9/8, 6/4 ou 3/4. Um dos exemplos é a faixa ´Blue Rondo à la Turk´, que alterna compassos de 9/8 e o tradicional 4/4, que é o clássico do jazz. A música mais conhecida do disco, ´Take Five´, foi composta em 5/4 pelo saxofonista do grupo, Paul Desmond. Uma curiosidade sobre essa faixa é que Desmond confessou que considerava que ela viesse a ser mais lembrada pelo solo de mais de 2 minutos do baterista Joe Morello, que se transformar num possível hit. Desmond se enganou e ´Take Five´, que foi lançada em um single, teve grande repercussão, promovendo e alavancando as vendas de ´Time Out´, além de ter se transformada em um dos temas de jazz mais conhecidos de todos os tempos.

 

Time Out  foi lançado em 1959. É considerado pelos críticos e estudiosos como uma experiência com o tempo na música. O trabalho de Dave Brubeck não se limita apenas à ousadia na assinatura temporal musical, mas também com a cronologia, pois abriu as portas para novas possibilidades criativas para os músicos do jazz no futuro.

As outras faixas do álbum são ´Strange Meadow Lark´, ´Three to Get Ready´ – que se inicia em compasso de valsa com o piano de Brubeck, mas rapidamente passa para o tradicional 4/4 jazzístico quando entra o resto da banda; ´Kathy´s Waltz´, faz o sentido inverso, começa com um 4/4 e se transforma em valsa com a entrada do saxofone de Desmond. Esta música foi composta por Brubeck para sua filha pequena à época, Cathy. No título, consta como Kathy por erro de tipografia e ficou assim para sempre. As últimas faixas são ´Everybody´s Jumpin´ e ´Pick up Sticks´, composta em 6/4, mas que também apresentam variações rítmicas no seu decorrer.

Podemos chegar à conclusão que há 60 anos atrás estivemos em um momento de emancipação musical no universo do jazz com dois álbuns fundamentais para o gênero: Kind of Blue (leia mais sobre esse álbum aqui), que trouxe à pauta o jazz modal e Time Out, que deu a seus músicos mais liberdade rítmica.

O Jazz Panorama e o Clube do Jazz Maceió ofereceu ao seu público a oportunidade de escutar e ver ao vivo mais este álbum clássico do jazz com a participação especial do maestro e multi-instrumentista Billy Magno nos teclados, Felix Baigon no contrabaixo – e também fazendo a direção musical do espetáculo; Jaílson Britto estará no saxofone e, na bateria, Allysson Paz. Na abertura do show, houve a apresentação do guitarrista Geraldo Benson, que, acompanhado do Clube do Jazz, Billy Magno e o tecladista Jiuliano Gomes, fez uma homenagem a João Gilberto, tocando alguns de seus mais conhecidos sucessos. 

Veja a galeria de fotos do show, com imagens de Ramatis Haywanon

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