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A primeira vez que fui apresentado à música Take Five foi uma tragédia. Recém-chegado ao Rio, ali pelos anos 1980, fui tocar com os amigos no Bar Duerê – em Niterói, reduto da boa música instrumental naqueles tempos. Essas apresentações na noite, nos bares de música instrumental, não requerem muitos ensaios. Ligamos um para o outro e em posse do livro Real Book, considerado a Bíblia dos Standards, vamos à luta.

Só que, até então, pouca gente sabia o que era o Real Book. Sabia-se muito menos sobre músicas tocadas em compassos compostos. Abriram o livro e até hoje procuro o primeiro tempo do tema. Eu e muitos músicos que se aventuraram a tocá-la sem conhecê-la ou, ao menos, estudá-la.

Take Five não é de Dave Brubeck. A obra do saxofonista Paul Desmond veio para desconstruir o que havia de sólido no mundo dos compassos. 5/4, por que não? O resultado é uma sonoridade envolvente, que confunde os adeptos ao hábito de tamborilar o ritmo das músicas.

Nessa música, Paul Desmond brinca com a repetição das células rítmicas passeando por diferentes direções melódicas. O piano de Dave dá o apoio nos contrapontos, que mantém o norte em termos rítmicos e harmônicos.  Joe Morello ministra uma aula de bateria.

Blue Rondo a la Turk é fantástica.  A mistura de um ritmo folclórico da Turquia com o bom e velho Blues americano foi a grande sacada do grupo. O clima da música na primeira parte nos faz lembrar os grandes arranjos sinfônicos para os clássicos do cinema épico. E depois vem a calma e o sossego que o Blues impõe.

Lançado em 1959, inovador ao extremo, Time Out é considerado um dos discos mais vendidos em todos os tempos, tem complexidade musical do início ao fim, mas é possível digeri-lo faixa a faixa. Dave Brubeck, que esteve em atividade até os 90 anos e seu grupo deram novas formas ao tempo.

 

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